Saturday, November 18, 2006

Os Novos Pessoais do Ceará...

Diretamente do Coletivo Supernova...
Uma produtora independente que tem o objetivo de acreditar nessa galera nova vinda das bandas lá de cima.!
Seu texto:


Os Novos Pessoais do Ceará

São mais de 35 anos de 70 pra cá. Século passado, milênio passado. Outras distâncias, mais dificuldades. Sem internet, aviões caros, tudo diferente. Mas foi nessa década que Fagner, Belchior, Ednardo e o Pessoal do Ceará se aventuraram na descida pro sudeste do país. E bons frutos apareceram (alguns nem tanto). O fato é que vieram, fizeram, voltaram, revoltaram.

Hoje a configuração da cena independente no Ceará, em particular Fortaleza, lembra um pouco a década efervescente de 1970. A diferença está justamente na operacionalização da coisa, que enumerei algumas linhas atrás. Agora é século XXI, tudo está mais perto, a internet é o fino da comunicação, as passagens estão mais baratas, tudo é mais fácil. Mas na prática mesmo, realmente, nem tudo são flores. A periferia cultural do país ainda é bem distante do paraíso das oportunidades que é São Paulo (talvez porque nem o nordeste é tão periferia assim, nem Sampa é esse balaio todo de prosperidade).

No caso específico do Ceará (Pernambuco teve o caldeirão de Chico e Bahia pensa que é sudeste) muito está se fazendo pra encurtar de fato as distâncias culturais dentro do Brasil. Há tempos que Fernando Catatau, junto com sua instigação, deixou Fortaleza pra trazer o cidadão pra São Paulo. Soulzé em 2003 fez a primeira chegada pela Paulista. Depois vieram Montage e muitos outros, sejam bandas ou músicos solo. E tem uma penca de artistas cearenses que está planejando dar adeus à Praça do Ferreira rumo a terra da garoa. Alguns até já vieram dar o ar da graça em curtas temporadas, como Levant e Macula (que entraram na coletânea Misturada, pra janeiro de 2007), Cacau Brasil, Karine Alexandrino, Switch Stance, Pádua Pires, Fossil, Dr. Raiz e Dona Zefinha.

Algumas iniciativas vêm sendo tomadas em Fortaleza, tanto pelo poder público quanto por particulares, abnegados uns e outros na disseminação da cultura. Vide a recente mostra de música que movimentou a capital cearense algumas semanas atrás, onde, em ato inédito, música ao vivo e de qualidade foi apresentada nos confins das periferias, tipo Bom Jardim, José Walter e Conjunto Esperança. Isso foi da Prefeitura.

Tem também o Ponto.CE, que é o festival mais promissor dentro da capital, tomando ares de se tornar o modelo cearense do Abril Pro Rock, sem exageros. Já rolou um e vai rolar outro no começo do ano que vem. Esse é de iniciativa privada.

A espiral está rodando, o caldo está engrossando, coisas acontecendo, mas na real ficamos sem saber o que é certo, se há algo certo: sair de lá pra vir pra cá; ou ficar lá e vir cá de vez em quando; ou nunca vir pra cá e ficar sempre lá... As questões estão bem acima da busca do sucesso, da fama, da grana, que todo artista, seja músico, escultor ou poeta, no seu âmago almeja. A questão relevante mesmo é a que discute a política cultural voltada pro cenário independente dentro do Brasil. Sim, pois o ideal é que se consiga fazer o que se deseja dentro de sua área cultural, sem que pra isso seja preciso deixar a terra natal, certo? Sim, mas o enriquecimento do artista como verdadeiro artista necessita de outras experiências, outros lugares, outros públicos, certo? Certo, mas independente, underground, por-conta-própria, sempre sofre muito pra conseguir fazer isso: ficar porque quer, sair quando quer. É aí que entram as iniciativas de política cultural decente, pra incentivar que esses artistas super-independentes possam ir e vir pra mostrar sua arte, seja pra São Paulo, Rio, Curitiba ou sei lá mais onde. Até porque os outros também têm o direito de saber o que se produz lá por cima, invertendo um pouco a visão do problema.

Os dilemas estão todos nas nossas fuças. Alguns tentam resolver. Muitos querem atrapalhar. Mas o caminho sempre começa pela discussão, pelo debate, até que as principais e mais viáveis idéias se concretizem e o negócio ande com as próprias pernas.Como diria Neo Pineo: se todo mundo empurrar, com certeza a rural vai desatolar.Se a gente arruma a mala depois, aí é decisão pessoal.

M.maia é arquiteto, poeta, contista e baterista das bandas Soulzé, Quarto Elemento, Unit e Ovnil, além de produtor cultural pelo Coletivo Supernova

Para quem quizer a origem do texto ele está postado neste site!
Ele também tem outras matérias sobre músicas e outras bandas não só do Ceará como do Brasil!
Site do Over Mundo:
http://www.overmundo.com.br/overblog/os-novos-pessoais-do-ceara

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