Thursday, October 08, 2009

Sistema Asimov de Som no Festival da Canção - São luís de Paraitinga.

Foi uma sensação maravilhosa tocar nesse festival!
Tudo massa, bem organizado e tals...
Então vou deixar aqui uma amostra do meu som pra galera ver!

Gil Duarte e Sistema Asimov de Som
Iaiá Mandou Buscar

Abraços

Tuesday, September 15, 2009

Pessoal

Nessa quinta feira, dia 17, tocarei com meu projeto solo GIL DUARTE E SISTEMA ASIMOV DE SOM
no Bar B - Rua General Jardim, 43 (perto da Estação República)
E com uma novidadicipação especial de meus amigos da Paraíba que estão de passagem por São Paulo:e!
Vai ter uma part
Chico Correa (Eletrônic Band) e Jonatas Falcão (Eletrocôco)...

Antecipando a Festa de 3 anos do Bar B, já que esse mês vamos gravar lá dia 23 também!!!
E em parceria com a Punk Saravá!!!

Conto com a presença de vocês!

Um grande abraço




“O Sistema Asimov de Som não é apenas uma junção de elementos eletrônicos e acústicos. Vem junto no protocolo o magnetismo das pessoas que realizam essa façanha de transmitir pensamentos transmutados em sons. As bases e samplers com efeitos são produzidos a partir dos sons da cidade, carros, filmes de ficção científica, buzinas, cantos dos quase extintos "vendedores de porta-em-porta" (amoladores de faca, vendedores de remédios, mascates, de pamonha, peixe), gritos urbanos que permeiam o cotidiano e memória coletiva. Cada um trabalha de uma maneira através do sistema gravitacional gerado pela afinidade musical. Esse trabalho não é só uma questão musical, mas um registro de percepções sobre o nosso mundo e também sobre historias vividas, sensações, saudades da terra Natal, tudo que posso dizer sobre o que me influenciou nesse meu trajeto como músico”. Gil Duarte ”Sopros gordos de baile e chinelas de um Chico Science passeando loucão na praia são algumas das imagens que o Sistema Asimov de Som emite. Pois é, projeto do cearense Gil Duarte, estudante de música agora residente em São Paulo, o Sistema pode não escapar de uma noção de banda nordestina malemolente e de certa forma habitual. Meio a ver com Cidadão Instigado em sua maneira de soar retrô-moderna em líricas provincianistas; filha dos experimentalismos sonoros, também retrô-modernos, do manguebeat; e apegada aos sotaques mais arrojados da região (tipo Tom Zé). “ Cláudio Szynkier (Trama Virtual) Experiências adquiridas na cidade de São Paulo em 4 anos de trabalho musical com diversos parceiros; formação acadêmica (e também empírica e tradicional) na cidade de Fortaleza nos anos compreendidos entre 1998 e 2003; a incessante busca pela novidade, numa pesquisa constante por diferentes sonoridades. Essas características amalgamaram-se – e continuam solidificando-se – na personalidade artística de Gil Duarte, resultando atualmente no projeto Sistema Asimov de Som. O trabalho é uma fotografia da construção do estilo musical de Gil Duarte, onde se pode notar a riqueza da musicalidade e a preocupação com a poesia cantada. Os temas são variados, e misturam referências regionais com toques de ficção científica e cotidiano, em especial o cotidiano urbanóide de São Paulo, na visão de um nordestino em meio ao concreto cinza da metrópole. A diáspora dos brasileiros do nordeste, em busca de melhores oportunidades no ‘sul’, é uma marca presente, e ao mesmo tempo disfarçada, no trabalho de Gil. É algo como uma filigrana de identificação, que se fazia presente também nos artistas cearenses das décadas passadas. A saudade do lar, o estranhamento, a longitude da família e dos amigos, e ao mesmo tempo a vontade de conhecer outros lugares, outros céus, outras culturas, o gosto inconsciente pelo ‘partir’, são características impregnadas na alma do cearense, em especial da classe artística. Isso já vem de meados da década de 70, com os representantes do chamado ‘Pessoal do Ceará’. Ainda hoje, em artistas como Geraldo Junior, Cidadão Instigado e Gil Duarte, pode-se notar essa característica, embora em situação bem diversa da outra experimentada anteriormente. Mas o sentimento que vira poesia é basicamente o mesmo. Como diria Ednardo, na música Ingazeiras: O sul, a sorte, a estrada me seduz É ouro, é pó, é ouro em pó que reluz Além da música e da poesia, toda a arte gráfica é também inspirada nas imagens criadas por Gil, através de seus desenhos com influências da arte Naif e da Arte Pop, usando materiais recicláveis para a confecção de suas obras, desde livros rejeitados até embalagens de papel descartadas.

Por Marcos Maia (Coletivo Supernova)

Monday, March 31, 2008

Claudia D'orei

"Eu penei mas, aqui cheguei..."
Foi grande a demora mas, voltei as minhas tentativas de falar de sons que eu gosto!
Eu tenho muito que falar dessa moça, e sou até suspeito pois toco com ela, mas digo que ela tem tudo a ver atualmente na nova musica eletrônica brasileira!


Com vocês: "Claudia D'orei"




(foto Nat* Maranhão)

Cantora e Compositora há 10 anos, ela agora chega na Terra da Garoa pra tentar seu lugar no espaço musical Alternativo!
Com um som bem dançante, cheio de efeitos eletrônicos e Batidas de Beat Box, ela da conta do recado e monta um Trip Hop bem mais animado e envolvente.
Patrícia Palumbo do Vozes do Brasil denominou de "Trip Hop Solar"...
Eu chamo de: "Trip Hop Tropical"...
Além de estarem postadas suas músicas no My Space vocês podem ver os vídeos que tem até uma música inédita: "Warm Up". Cantada em Inglês, mas com uma sonoridade muito interessante, com uma batida de Beatbox meio Afro...
Então...
Deixo a palavra pra ela...

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Claudia D'orei

O ritmo inusitado que resulta da mistura do Trip Hop com Samba e Hip Hop com Jazz faz da sua base rítmica um fundo macio e contagiante para letras que falam do amor e seus demônios.
No show ao vivo, Claudia canta, toca trompete, usa pedais e é acompanhada pelo clássico baixo e guitarra.
No lugar da bateria, entra o Beatbox, grande diferencial que reproduz sons de percussão pela boca.
Para completar o ritmo, outros sopros como flauta, trombone, sax e escaleta. Tudo com influências de Camille, Coco Rosie e Portishead...

My Space:
www.myspace.com/claudiadorei
You Tube:
http://www.youtube.com/watch?v=KGCBkUbVTxw
http://www.youtube.com/watch?v=mUrA_RtV7XA

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Thursday, June 21, 2007

Aniversário do Notas Agudas


"No dia 20 de junho, o Notas Agudas completa 1 ano. E para comemorar, armamos uma festa com uma programação especial que conta com a banda de dub Projeto Nave e o projeto Vinil é Arte - Dj Niggas, trazendo muito groove, brasilidades e um set especial com músicas especialmente selecionadas que já foram postadas no blog.E, também, haverá a projeção do filme Soy Cuba (M. Kalatozov), que é simplesmente maravilhoso, repleto de planos sequências e movimentos de câmera surpreendentes, e que conta com uma trilha sonora de arrasar. Em resumo, mistura a maestria dos russos no cinema com o calor latino e revolução cubana.Tudo isso acontecerá no Sarajevo Club (de muitas noites) que fica na lendária Rua Augusta, 1385.Com flyer ou nome na lista é VIP; na hora, paga R$5,00.Mande seu e-mail para notas.agudas@yahoo.com.br com nome para entrar na lista do blog."
Galera pra quem foi foi animal!
Pra quem não foi uma pena!
O show e no comando das Pic-ups o Sr. Nigas! Arrasando o salão e levando a seleção de pedras preciosas do Notas Agudas!
Uma noite inesquecível!
PARABÉNS NOTAS AGUDAS

Saturday, November 18, 2006

Lucas Santtana


Com vocês Lucas Santana...


Quando eu escutei o som desse sujeito pela primeira vez na verdade não sabia quem éra ele de verdade, pois eu só soube agora que ele tinha uma música na novela! Vivendo e aprendendo! Quem lembra daquela música "Mensagem de Amor"? Pois é...
Mas, dessa vez eu escutei o seu novo trabalho chamado "3 SESSIONS IN A GREENHOUSE" que me deixaram de cara!
Foi justamente quando eu fui morar numa República (hoje infelizmente já estinta) de loucos e grandes amigos! Meu amigo Räi Alfaia (vocalista do Monjolo) e Chiquinho (outro louco gente fina) me acolheram por uns tempos lá...
E também foi lá que eu tive as primeiras aulas de música Afro, Dub, Ska, e tudo quanto é som doidêra e bom!

Foi lá que eu escutei esse novo disco de Lucas!! E daí fui ver o show dele no Sesc Pompéia no projeto Bem Brasil! Muito bom...
O que eu gostei mais desse CD (como as preferidas), são as músicas "Awô Dub", com seus metais pisicodélicos; "Tijolo a Tijolo", com o cavaquinho e baixo muito bem arranjados com os metais; e "Lycra Limão"...

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Lucas Santana

Começou sua carreira como instrumentista, tocando ao lado de artistas como Gilberto Gil , Caetano Veloso, Chico Science & Nação Zumbi, foi gravado por cantoras como Marisa Monte, Jussara Silveira e Fernanda Abreu, entre outras. Em 2000, lançou seu primeiro CD, “Eletro Ben Dodô” que recebeu boas críticas nacionais e internacionais, além de ter sido incluído na lista dos 10 melhores CD independentes daquele ano, do New York Times. Em 2002, Lucas fez a trilha sonora da peça “O Bispo".

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Galera, como prefirência deixo quem sabe mais falar desse CD!
3 SESSIONS IN A GREENHOUSE



SINAL VERDE "3 sessions in a greenhouse" – Lucas Santtana e Seleção Natural O título do disco é auto-explicativo: "3 sessions in a greenhouse" (Diginóis) foi gravado em apenas três sessões, ao vivo. A idéia era capturar o clima dos shows, com qualidade de estúdio. Já a greenhouse, bom, você pode imaginar.

Para isso, Lucas Santtana e Seleção Natural ocuparam uma grande sala no estúdio AR, no Rio, e gravaram na reta, como se fala no meio musical. Todos tocando juntos, como num show. Vale a melhor tomada coletiva. Sem regravação, sem overdubs, sem retoques.

A linha de baixo acachapante e a metaleira matadora da instrumental "Awô dub", que abre o disco, entrega de cara o elemento unificador do disco: o dub. Lucas Santtana é admirador da vertente alucinada do reggae há muito tempo. Não por acaso, mantém, junto com o inglês David Cole, um sound system nos moldes jamaicanos. O Sensorial Sistema de Som costuma se apresentar nas praias do Rio, com David nos toca-discos e Lucas no MP3.

Isso não significa que Lucas Santtana tenha fugido do seu estilo próprio e que "3 sessions in a greenhouse" tenha uma pegada reggae – não mesmo. O dub aqui é utilizado como ferramenta, não como um estilo. É um modo de produção.

Em todas as faixas o baixo e a bateria estão na frente, os efeitos desnorteiam e te mandam para lugares distantes. No entanto, a idéia não é simplesmente emular os mestres do dub dos anos 70, mas sim adaptar os experimentos jamaicanos à música atual, utilizando o estúdio como um instrumento, independente do gênero musical.

A inédita "Tijolo a tijolo, dinheiro a dinheiro" (que vinha aparecendo nos shows e agora, finalmente, foi gravada), segunda faixa do disco, ilustra bem isso. O cavaquinho ecoa, a voz reverbera, o baixo pulsa, mas só um louco categorizaria a música como reggae. Aliás, classificar "3 sessions in a greenhouse" de qualquer coisa é complicado. E essa é a graça do disco.

"Só baixo se for de graça", diz Lucas na letra da mesma música. O comentário não é gratuito. Lançando o disco por seu próprio selo, o agora digital Diginóis (.com.br), Lucas está ligado no cenário atual da indústria musical. O Diginóis é o novo saite oficial de Lucas Santtana, onde ele passa a manter um blogue.

Pra começar, "3 sessions in a greenhouse" foi realizado com dinheiro captado através de um edital cultural da Petrobrás feito inteiramente online, sem uma folha de papel impressa. Agora, pronto, todas as músicas poderão ser baixadas, gratuitamente, no saite do selo. O disco será vendido fisicamente apenas nos shows.

Tanto as músicas da maneira que foram concebidas, como também as faixas abertas, estão ao alcance de quem se interessar. No dorso da capa lê-se: "Letras, faixas abertas, novas mixes. Participe da evolução desse trabalho". O lance é coletivo.

A mixagem de Buguinha Dub (técnico de PA da Nação Zumbi, que também mixou metade de "E o método tudo de experiências", do Cidadão Instigado, e produziu "3 sessions..." junto com Lucas) é essencial, amarrando os muitos instrumentos e efeitos de maneira eficaz.

O entrosamento com a Seleção Natural – formada por Gil (bateria), David Cole (efeitos), Ricardo Dias Gomes (baixo), Leandro Joaquim (trompete e fluguelhorn), Maurício Zacharias (trombone), Bruno Levi (guitarra) e pelos percussionistas do Trio Onilu (Mestre Leo Leobons, João Gabriel e Leo Saad) – foi imprescindível para o bom resultado final.

Durante a gravação, o ambiente estava tão solto que é possível ouvir os comentários e avaliações dos músicos entre uma faixa e outra. As três sessões foram registradas, com cinco câmeras de vídeo, por Luis Baiia e Pedro Amorim e devem ser reunidas em um DVD em breve.

Não faltaram convidados. Tom Zé participa da regravação samba dub da sua "Ogodô ano 2000" e Gilmar Bola 8 canta em "Pela orla dos velhos tempos", da sua banda, Nação Zumbi, aqui em versão funk (com direito a sample do sample de "Feira de Acari", do DJ Marlboro).

Inspirado na batida de "Colonial mentality", de Fela Kuti, a afrobeat "A natureza espera", feita com Wado, conta com as participações de Marcos Lobato (do Afrika Gumbe) tocando Rhodes, do ator João Miguel (do filme "Cinema, aspirinas e urubus") e da jornalista americana Phylis Huber, lendo um trecho de "The waves", de Virginia Woolf, descrevendo um nascer do sol pra lá de psicodélico. A balada "Into shade" é parceria com Arto Lindsay.

"Deixe o sol bater" (do primeiro disco, "Eletro Bem Dodô") surge em versão instrumental e os parênteses dizendo dubversão de "Lycra-limão" (do segundo disco, "Parada de Lucas") dispensa maiores explicações. Fechando o disco, "Faixa amarela", clássico do repertório de Zeca Pagodinho, vai a Kingston e não volta mais.

"3 sessions in a greenhouse", coincidentemente o terceiro disco da carreira de Lucas Santtana, evoca a tradição jamaicana dos riddims, em que uma canção está sempre viva e pronta para ser manipulada novamente. Regravações e inéditas se confundem no tempo e no espaço. Cabe a cada ouvinte escolher a sua viagem.

Esse texto é de autoria de Bruno Natal!
Ele tem um site bem interessante de música!
E aí vai a dica do Site: http://www.gardenal.org/urbe/

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Bem...
Aqui vão alguns endereços que vocês podem saber um pouco mais sobre Lucas Santtana:

Seu Site: www.diginois.com.br
My Space: http://www.myspace.com/santtana
Orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=168238

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Sobre o site e sobre shows é só buscar nos respéctivos sites acima

Os Novos Pessoais do Ceará...

Diretamente do Coletivo Supernova...
Uma produtora independente que tem o objetivo de acreditar nessa galera nova vinda das bandas lá de cima.!
Seu texto:


Os Novos Pessoais do Ceará

São mais de 35 anos de 70 pra cá. Século passado, milênio passado. Outras distâncias, mais dificuldades. Sem internet, aviões caros, tudo diferente. Mas foi nessa década que Fagner, Belchior, Ednardo e o Pessoal do Ceará se aventuraram na descida pro sudeste do país. E bons frutos apareceram (alguns nem tanto). O fato é que vieram, fizeram, voltaram, revoltaram.

Hoje a configuração da cena independente no Ceará, em particular Fortaleza, lembra um pouco a década efervescente de 1970. A diferença está justamente na operacionalização da coisa, que enumerei algumas linhas atrás. Agora é século XXI, tudo está mais perto, a internet é o fino da comunicação, as passagens estão mais baratas, tudo é mais fácil. Mas na prática mesmo, realmente, nem tudo são flores. A periferia cultural do país ainda é bem distante do paraíso das oportunidades que é São Paulo (talvez porque nem o nordeste é tão periferia assim, nem Sampa é esse balaio todo de prosperidade).

No caso específico do Ceará (Pernambuco teve o caldeirão de Chico e Bahia pensa que é sudeste) muito está se fazendo pra encurtar de fato as distâncias culturais dentro do Brasil. Há tempos que Fernando Catatau, junto com sua instigação, deixou Fortaleza pra trazer o cidadão pra São Paulo. Soulzé em 2003 fez a primeira chegada pela Paulista. Depois vieram Montage e muitos outros, sejam bandas ou músicos solo. E tem uma penca de artistas cearenses que está planejando dar adeus à Praça do Ferreira rumo a terra da garoa. Alguns até já vieram dar o ar da graça em curtas temporadas, como Levant e Macula (que entraram na coletânea Misturada, pra janeiro de 2007), Cacau Brasil, Karine Alexandrino, Switch Stance, Pádua Pires, Fossil, Dr. Raiz e Dona Zefinha.

Algumas iniciativas vêm sendo tomadas em Fortaleza, tanto pelo poder público quanto por particulares, abnegados uns e outros na disseminação da cultura. Vide a recente mostra de música que movimentou a capital cearense algumas semanas atrás, onde, em ato inédito, música ao vivo e de qualidade foi apresentada nos confins das periferias, tipo Bom Jardim, José Walter e Conjunto Esperança. Isso foi da Prefeitura.

Tem também o Ponto.CE, que é o festival mais promissor dentro da capital, tomando ares de se tornar o modelo cearense do Abril Pro Rock, sem exageros. Já rolou um e vai rolar outro no começo do ano que vem. Esse é de iniciativa privada.

A espiral está rodando, o caldo está engrossando, coisas acontecendo, mas na real ficamos sem saber o que é certo, se há algo certo: sair de lá pra vir pra cá; ou ficar lá e vir cá de vez em quando; ou nunca vir pra cá e ficar sempre lá... As questões estão bem acima da busca do sucesso, da fama, da grana, que todo artista, seja músico, escultor ou poeta, no seu âmago almeja. A questão relevante mesmo é a que discute a política cultural voltada pro cenário independente dentro do Brasil. Sim, pois o ideal é que se consiga fazer o que se deseja dentro de sua área cultural, sem que pra isso seja preciso deixar a terra natal, certo? Sim, mas o enriquecimento do artista como verdadeiro artista necessita de outras experiências, outros lugares, outros públicos, certo? Certo, mas independente, underground, por-conta-própria, sempre sofre muito pra conseguir fazer isso: ficar porque quer, sair quando quer. É aí que entram as iniciativas de política cultural decente, pra incentivar que esses artistas super-independentes possam ir e vir pra mostrar sua arte, seja pra São Paulo, Rio, Curitiba ou sei lá mais onde. Até porque os outros também têm o direito de saber o que se produz lá por cima, invertendo um pouco a visão do problema.

Os dilemas estão todos nas nossas fuças. Alguns tentam resolver. Muitos querem atrapalhar. Mas o caminho sempre começa pela discussão, pelo debate, até que as principais e mais viáveis idéias se concretizem e o negócio ande com as próprias pernas.Como diria Neo Pineo: se todo mundo empurrar, com certeza a rural vai desatolar.Se a gente arruma a mala depois, aí é decisão pessoal.

M.maia é arquiteto, poeta, contista e baterista das bandas Soulzé, Quarto Elemento, Unit e Ovnil, além de produtor cultural pelo Coletivo Supernova

Para quem quizer a origem do texto ele está postado neste site!
Ele também tem outras matérias sobre músicas e outras bandas não só do Ceará como do Brasil!
Site do Over Mundo:
http://www.overmundo.com.br/overblog/os-novos-pessoais-do-ceara

Thursday, November 16, 2006

Depois de tempos a volta!!!

Depois de tanto tempo sem aparecer nas telas deste blog, resolvi finalmente tentar escrever novamente!
Hoje, vamos ver o que é que sai...
Ah!
Lembrei de uma!!!
Quem quizer ouvir música da boa e baixar é só procurar neste endereço:
[ http://notasagudas.blogspot.com/ ]
É um blog ótimo de uma amiga minha que tem só os cds pra dar uma pedrada no seu ouvido!!! Muito bons!!! Rs...
Aí dá pra baixar na boa!
Então mãos a obra e vamos exercitar os ouvidos!!!

Friday, March 24, 2006

Cidadão instigado



Cidadão Instigado

Bem que eu queria ter a responsabilidade e conhecimento musical o suficiente pra falar do Cidadão Instigado! Mas acho que aqueles que conhecem o seu trabalho não precisam de mais nada do que escutar e ouvir o que o cara tem a dizer em suas letras...
Sem falar no som...
Esse é o mais importante!
Mas, olha só o que esse cara falou sobre o CD Método Tufo de Experiências!

Levada de conga e violão nordestino começam, sedutores, a tentar uma certa aproximação. "O que é que tu quer de mim? Que voz é esta?", pergunta, carregada de seu característico sotaque cearense, a voz do guitarrista e vocalista Fernando Catatau, líder do grupo Cidadão Instigado, acompanhado do assobio sinistro de um teclado retrô. "Que silêncio é este? Por que tu não fala o que estais pensando? Não quero estar recuando o meu sentimento, a minha alegria. Eu sinto que você está chegando mas se recusa a aceitar". O som desenha um boteco mal freqüentado, à meia luz, TV ambiente ligada ao fundo só para dar uma mínima sensação de vida, ainda que apenas úmida e viscosa. O pano sujo sobre o balcão, o copo solitário de cerveja, o display para maços de cigarro vazio, a mesa de lata riscada com nomes, palavrões e datas, os azulejos que um dia foram brancos. Tudo inspira o desespero de uma latinidade decadente, caixas de cerveja amarela usadas para esconder o mofo da parede dos fundos. Não dá pra saber quem é o predicado da canção: uma pessoa, um vício, a própria identidade.

Uma guitarra elétrica crua, sem efeitos especiais (a imagem que me vem à cabeça são aqueles velhos amplificadores Giannini, com botões do tipo "tremolo" e "vibrato"), corta o ar ativando baixo e bateria em um melancólico e quase almodovariano bolero, fazendo a consciência do protagonista - provavelmente em algum ponto entre a ressaca e o arrependimento, mesmo ainda sendo noite - tornar-se a banda mais triste do mundo, nos colocando em algum ponto entre "Amarelo Manga" e "Um Drink no Inferno". "Acho que estou te esperando", entoa quase inocente, num refrão que sorri, serviçal, por mais uma chance, "o que você talvez já saiba. É, você pode estar certa, talvez não valha apenas dizer mais nada. Mas eu te espero mais perto, estou morrendo e tenho medo de só pensar em você. Te encontra logo com a distância antes que ela te dizer que já é tarde demais".

E sem sermos perguntados estamos no meio de Cidadão Instigado e o Método Tufo de Experiências, tributo a todos os tipos de conflitos pessoais pelo qual Catatau e companhia nos conduzem em seu segundo disco.

Terceiro, se contarmos a primeira e pouco ouvida demo, CDzinho de cinco faixas que poucos privilegiados tiveram o prazer de desfrutá-lo ainda em 1999. Ainda no Ceará, a banda dava a ignição em uma inesperada cruza de jazz rock com trovadorismo nordestino e tempero de rádio AM. Longe de apocalipses mais ao leste, de artistas como Cordel do Fogo Encantado, Zé Ramalho e Cabruêra, a intensidade épica do Cidadão vem do apreço dos músicos por seus instrumentos (parente, enviesado, do Cordel de Lirinha, que, optam pela estrada acústica e percussiva, enquanto os cearenses seguem a trilha elétrica e harmônica) que culmina no amor de Catatau por seu instrumento. Imerso entre Johns McLaughlins, Daves Gilmours e Lannys Gordins, a guitarra de Fernando é setentista por definição, virtuosa por natureza e tortuosa, primeiro sentimentalmente, depois como manifesto.

A guitarra torta e passional do Cidadão Instigado por excelência acaba funcionando como metáfora para o disco, tanto em termos temáticos quanto instrumentais. O Método Tufo é um disco sobre o estranhamento, partindo do ponto de vista mais evidente quando se trata do líder do grupo: o fato de ser, na prática, mais um nordestino em São Paulo. Usa diferentes ângulos para mostrar como é se sentir alheio à normalidade em uma cidade cuja normalidade parece imitar a morte, insistindo na fórmula, na aparência, na passividade, na submissão.
Musicalmente, aponta para o quarto de empregada e para a coleção de discos do tio hippie. O tom ao mesmo tempo sóbrio e sombrio que aquela guitarra impõe à qualquer intervenção que se proponha. Tanto que já tocou ao lado da Nação Zumbi, do Hurtmold e do Los Hermanos, sempre impondo seu estilo pessoal, seu timbre agudo e dedilhado torto, nunca alheio a cena alguma. E é justamente sobre o fato de os outros lhe considerarem alheio que começa o discurso que prevalece em todo o álbum.

"Quem pode explicar a razão de pinto de peitos ter nascido com o bico preto? Talvez Deus tivesse um motivo ao perpetuar este ato por mais que pensem ser um defeito", pergunta em "O Pinto de Peitos", "um defeito de Deus é sempre perfeito". "Eu não sei o que falar sobre as estrelas que povoam o meu céu, que brilham e brilham, mas não me dizem nada", canta na bêbada "Noite Daquelas".

"Fale para mim, por que eu lhe incomodo tanto? Será que são as minhas sobrancelhas grossas ou serão as minhas tortas? Será que a minha voz fanha polui a tua sonoridade sobre-humana?", ironiza feliz por saber como a música termina, em " Apenas um Incômodo", "ou será simplesmente por que eu me aceito assim e até gosto de mim? Eu sei que eu sou meio empenado e até um pouco desafinado. Mas eu não escondo e não me engano e se você me chamar de paraíba ou baiano não vai me soar estranho!".

A música continua mas logo perde seu tom dócil e volta à tensão inicial do disco encarando o ouvinte. "Pois eu sei que aos teus olhos/ Eu sou apenas um incômodo/ Que veio do nada para empestar o mundo", a voz denuncia que o clima da canção mudou, descambando para um instrumental cáustico que aponta para trios tão diferentes quanto Jimi Hendrix Experience, Built to Spill e a banda que acompanhava Arnaldo Baptista no disco Singin' Alone. "Mas escute/ Eu que vim do nada/ Não tenho encantos, nem correntes/ Só tenho um sonho que é só meu/ E duas palavras para dizer neste instante: ME AGÜENTE!".

O progressivo é outra assinatura musical do grupo e não é só a marcha "Os Urubus Só Pensam em Te Comer" que remete ao Pink Floyd (especificamente, o biênio 78/79). Ela é apenas uma das músicas que citam bichos ("Todas as vacas estão velhas/ Todas as vacas estão quase lá/ Todas as vacas estão loucas/ E abatidas em seu leito de morte" - as vacas, como os Animals de Roger Waters, chegam até a mugir) e cujo clima tenso e desconfiado é repetido, à prog-blues como o velho Floyd, dentro de qualquer gênero musical que aparecer: rock pesado (em "Calma!"), música latina ou gangsta rap (na mesma "O Pobre dos Dentes de Ouro", ótica), reggae ("Apenas um Incômodo"), cantiga de lavadeira ("Chora, Malê", que começa elétrica, cai para o folclore e termina ambient, vazia, ecoando batida policial - perfeita) e shuffle de beira de estrada ("Noite Daquelas", cômica e crônica)

O holofote central no entanto, divide-se entre a faixa de abertura ("Te Encontra Logo...", comentada no início), a balada ("O Tempo") e a belíssima "Silêncio na Multidão". "O Tempo" é, de longe, a melhor música do disco - uma letra amarga e madura, conformada com a idade, que não funcionaria lindamente tanto no repertório de Roberto Carlos, Odair José, Caetano Veloso, Nervoso ou Mombojó. "Mas o tempo é um amigo preciso que fica sempre observando aquele instante em que alguém tentou se aproximar", canta, em falsete, acompanhados por vocais de apoio de sonho. O desabafo falado de Catatau é daqueles momentos que nem é bom tentar passar pro texto para não perder toda sua magia atemporal. "Às vezes choro pois sei que não posso deixar que o passado invada meu mundo", isso tocado ao vivo deve ser fodaço, mesmo sendo intensamente e desavergonhadamente brega.

Já o épico "Silêncio na Multidão" é um exercício de hipnotismo jazz-funk que, disfarçada de crônica social. "Aqui estou eu, há meia hora parado no cruzamento da Brigadeiro Luís Antônio com a Avenida Paulista", narra falando, fingindo-se bardo, sobre uma monótona cadência reminescente instrumental Doors. "Interessante, né? Todos os dias em milhares de lugares milhares de pessoas se cruzam, mas não se falam, pois não se conhecem e nem ao menos se importam com isso. Mas é apenas um jogo de espelhos e, mais adiante, ele finge ver "um mendigo barbado" que "simplesmente pára e grita um grito de liberdade para a multidão, pois ele não agüenta viver sozinho na escuridão". O grito do mendigo (a imagem que o próprio Catatau, ele mesmo barbado, imagina que os outros façam dele) é não só todo o Método Tufo como um refrão emblemático e cético, que vem logo a seguir.

"Eu vejo as pessoas que passam por mim, que falam, que ralam, que gritam em agonia e solidão", canta emocionado, "dói no coração ver meu povo silencioso". O solo bluesy ressurrecta o mesmo timbre de uma das peças centrais do primeiríssimo disco, a demo de 99, a instrumental "Poeira". A crítica é simples: a lógica da cidade grande está matando o melhor do brasileiro. E o disco acaba funcionando como o grito do mendigo. Ele não pede para pararem o mundo - ele já desceu e chora por nós.

O que mais impressiona no disco, além de seu fio condutor progressivo, é a sua sintonia com o momento robertocarlista que vivemos. Mais do que qualquer outro contemporâneo seu, Fernando Catatau insiste em uma linha evolutiva que vai para longe da fila bossa nova, Tropicália, canção de protesto, MPB ou o vasto cânone do samba desintelectual. Tateia por um universo passional e adulto, longe da rebeldia ou do prazer, da saudade e do êxtase, da miséria física, social ou espiritual. Trilhando os passos do Rei, ele faz o ponto de intersecção entre o "Prato de Flores" da Nação Zumbi e a indiesmo MPB do Los Hermanos, passando por aquele velho rádio de estante que o dono do bar deixou ligado depois que o jogo acabou e que, de repente, começou a tocar aquela música...

Por: Alexandre Matias.

No site da Slag Records tem mais coisas falando do Cd!
Vão lá e confiram o resto!

Quem quizer saber mais sobre o Cidadão Instigado, é só entrar nos sites relacionados!

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Links do Cidadão Instigado:

http://www.orkut.com/Community.aspxcmm=396914
http://www.slagrecords.com/site/cidadaoinstigado.html

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